quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Do Sonho à Realidade



Laboratório de Informática na escola:
oportunizando possibilidades de aprendizagem e prazer pela busca do conhecimento

Rosane Aparecida Caldeira Veiga

Este trabalho tem como objetivo, relatar a trajetória que os integrantes da E.M. 05.14.031 CLÁUDIO IGNÁCIO DE OLIVEIRA, a qual coordeno, está percorrendo para aprimorar sua formação e ampliar as possibilidades de orientar seus alunos pela aventura do conhecimento, aliando informática com projetos de trabalho.
No final do ano de 2006 recebemos um laboratório de informática do governo federal. A empolgação foi tanta que não nos demos conta de que, a princípio, não tínhamos espaço físico nem verbas para a instalação do laboratório.
Para fazer a instalação do laboratório a Coordenação teve que ceder sua sala, visto ser este o maior espaço físico que tínhamos, e ser transferida para a sala dos professores que acabou ficando extinta.. As verbas recebidas pela escola foram destinadas, com prioridade, para as obras e os equipamentos necessários ao laboratório. Apesar das mudanças ficamos radiantes pois estávamos tendo a chance de mudar nossa realidade.
Logo após a euforia inicial de ver o laboratório pronto e achar que a partir daquele momento estaríamos oferecendo novas possibilidades de conhecimento, pois estávamos sendo incluídos na era digital, deparei-me com a seguinte leitura:
“As modernas tecnologias ao serem introduzidas na Educação sugerem transformações na reestruturação do trabalho pedagógico.” ( MEC – TV e Informática 1998)
A citação acima me inquietou, me fez refletir e chegar à constatação principal: a informática aplicada à Educação tem dimensões mais profundas que não aparecem à primeira vista. Não basta termos o equipamento pois, nosso objetivo maior não pode se limitar apenas a ensinar informática para nossos alunos; o que inegavelmente, no nosso caso, já era um ganho devido ao grande entusiasmo dos alunos para começarem a usar a sala de informática, visto o baixo nível sócio-econômico-cultural da clientela onde nossa escola está inserida.
Diagnosticar essa realidade significou ter como perspectiva utilizar a informática, também, para buscar a construção de cidadãos conscientes que desenvolvam a capacidade de aprender a aprender. Para isto foi preciso nos preparar enquanto educadores para que pudéssemos preparar nossos alunos. E isto só foi possível com um trabalho de equipe.
Visto a necessidade da atuação do professor no processo de implantação das aulas de informática, passamos a nos reunir, nos espaços de centro de estudo, no próprio laboratório pois nem todos os professores tinham familiaridade com o equipamento, principalmente com o sistema operacional Linux.
Superada essa etapa começamos a pensar na criação de ambientes de aprendizagem que propusessem desafios e explorações que pudessem conduzir a descobertas e promovessem a construção do conhecimento utilizando o computador. Foi quando tomei conhecimento, através do especialista em informática educacional Gilberto Resende de Azevedo *, de um conjunto de software educacional chamado GCompris que abrange atividades para crianças com a faixa etária que nossa escola atende e com níveis gradativos de complexidade. Após analisar o material para descobrir se suas atividades enriqueceriam pedagogicamente nosso trabalho, introduzi o Gcompris no laboratório. Mais uma vez reuni o grupo de professores para que todos conhecessem e verificassem a funcionalidade do software para nossos alunos. Feita a avaliação selecionamos algumas atividades que pudessem entusiasmar, auxiliar ou ampliar a aprendizagem de nossas crianças. Nesse processo cada professor listou as atividades pertinentes à sua turma para que o trabalho realizado no laboratório não ficasse dissociado do que estava sendo desenvolvido em sala de aula.
O resultado da utilização do Gcompris foi surpreendente. Com essa ação conseguimos alcançar nossa primeira meta com relação aos nossos alunos; despertar-lhes o prazer, a curiosidade, a superação de dificuldades e a elevação da auto-estima. Entretanto,um resultado observado nos causou surpresa, já que ele não estava em nossos objetivos: a freqüência. Nos dias de ida ao laboratório a presença de alunos aumentava consideravelmente.
Com esses dados favoráveis resolvemos continuar trabalhando com o Gcompris e iniciamos, paralelamente, um trabalho de apoio com os alunos que apresentavam dificuldades na alfabetização, devido a grande vontade e facilidade que eles demonstraram em aprender com o computador. Este trabalho de apoio acontece uma vez por mês com pequenos grupos de alunos em estágios iniciais da leitura e escrita. As atividades são orientadas por mim e elaboradas pela professora de Sala de Leitura que é quem está, no momento, ministrando as aulas no laboratório.
Além destes trabalhos realizados pela professora da Sala de Leitura, o laboratório também vem sendo utilizado pelos professores juntamente com seus alunos em atividades específicas da turma mas sempre integradas ao projeto que a escola está desenvolvendo no momento.
Atualmente a escola está trabalhando o subprojeto “ Muito Prazer! Meu nome é Planeta Terra.” visando despertar a necessidade da consciência ambiental. Dentre as muitas atividades desenvolvidas fizemos uma visita, com nossos alunos, a uma usina de lixo da Comlurb situada nas proximidades da escola em Irajá, onde existe uma cooperativa de coleta de lixo reciclável. Após a visita utilizamos uma outra tecnologia, o vídeo, onde as crianças puderam obter mais informações sobre o processo de reciclagem das latas. Para sistematizar as informações e observar como o conhecimento estava sendo internalizado, a professora da Sala de Leitura propôs que os alunos que quisessem fossem até o laboratório e produzissem um texto sobre o que estavam aprendendo. A princípio apareceu um pequeno grupo. Como o quantitativo era pequeno e desejávamos atingir mais crianças, a professora responsável pelo laboratório resolveu aprimorar o texto utilizando os recursos do editor de textos tais como bordas, figuras, tipos e cores de letras,etc.
Os alunos saíram do laboratório fascinados com o que haviam aprendido a fazer e com o efeito que esses recursos deram às suas produções. A partir daí o número de alunos aumentou. Todos queriam ver seus trabalhos pelos murais da escola. Alguns alunos quiseram produzir mais de um texto . Nesse momento interferimos para associar um conteúdo ao laboratório: nossa exigência era de que os textos deveriam ter tipologias diferentes. A busca pelo conhecimento começava. Os alunos começaram a perguntar e pesquisar sobre as estruturas de textos para que pudessem produzi-los no laboratório. Nossa satisfação aumentou quando lemos as produções: os alunos não estavam apenas relatando as informações mas opinando criticamente sobre elas.
No momento estamos estudando o editor do programa KEduca testes e exames, para introduzi-lo de forma prazerosa e instigante ao subprojeto.
Finalizando é importante frisar que acreditamos que o uso do computador só foi eficaz porque foi norteado pelos projetos da escola.



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* gilbertoazevedo@hotmail.com